Nos dias que antecedem o fim deste ano, muito se diz sobre o fato dele nunca acabar. Parece que, o ano contabilizado como o de número dois mil e dezesseis, não agradou muita gente. No Brasil, tivemos um ano turbulento, marcado por uma crise política-econômica-moral permanente, e que parece não ter fim.
Mandamos uma presidente embora pra casa e colocamos outro em seu lugar. Alguns disseram que foi um golpe político, uma conspiração por parte de um determinado grupo. Outros acharam que era a única solução possível e que ela merecia mesmo. Muitos já mudaram de opinião. Outros nunca tiveram uma. O detalhe mais importante da vida e da história, é que ela anda, continua em movimento. O melhor que podemos fazer é aprender com elas. A conta sempre vem.
No resto do mundo, tragédias se alternam nas manchetes. Ditaduras, totalitarismos, monarquias, extremismos e ‘terrorismos’ ganham adeptos fervorosos e inimigos declarados. Parece que o mundo também está passando por uma crise. Sempre esteve. O poder e o dinheiro continuam ditando as regras. De acontecimento em acontecimento, trezentos e sessenta e cinco dias nos atropelaram, e chegamos aqui com aquela sensação de que dois mil e dezesseis nunca termina.
Comecei o ano sabendo que cumpriria duas missões: iniciar o meu Mestrado em Psicologia e me casar. Parecia de bom tamanho, se pensarmos que o resto da vida continua acontecendo. Fizemos a escolha de nos casar no ano passado e demos aquele passo certeiro para começar uma família, atualmente composta por dois seres humanos e um cachorro. Em dezembro de dois mil e quinze, morava sozinho em um apartamento quase todo branco e mal decorado. Hoje tenho companhia no mesmo apartamento, ainda branco, mas com uma decoração decente e até algumas plantas. Missão cumprida. =]
As aulas do Mestrado começaram em março deste ano. Após viver alguns meses num dilema profissional, escolhi dar aquele temido passo pra trás, abri mão de responsabilidades e um pouco mais de dinheiro no trabalho, em troca de uma aposta e um investimento na minha formação. Decisões estão aí todos os dias para serem tomadas. Afinal, todo mundo diz e todo mundo sabe, que a vida é puro movimento, e que, queira você ou não, somos afetados a cada segundo. Missão em desenvolvimento.

Ilustração: André Dahmer
Uma das coisas que o estudo e a prática me ensinaram este ano, é que a vida é pura potência e precisamos sentir que estamos tomando-a nas mãos. É do ser humano criar o seu meio para viver, num jogo de transformar e ser transformado. Ouvimos dizer frequentemente que nunca devíamos parar de estudar. Também acho. Agora, tenho certeza.
Não apenas estudar, mas viver mundos diferentes. Ler, conviver, se relacionar. Escrever, conversar e trocar opiniões. Somos muito mais capazes do que imaginamos, basta sermos desestabilizados, “tirados do eixo”, afetados.
Com este texto, chegamos a 30 registros no blog em dois mil e dezesseis. Produzi algumas resenhas de livros de literatura policial, documentários e séries de televisão. Indiquei alguns filmes e livros. Registrei a minha participação em alguns eventos científicos. Estive em São Paulo e conheci pessoalmente o psicólogo francês Yves Clot, uma das minhas inspirações para estudar a Psicologia do Trabalho. Estive em São João Del Rei e pude conversar e apresentar um pouco sobre o meu projeto de pesquisa. Estive em Três Corações participando de uma mesa redonda e discuti um pouco sobre o trabalho interdisciplinar da psicologia nas organizações e no trabalho.
Fiz parcerias com profissionais e colegas. Conheci e admirei professores. Li Foucault, Freud, Deleuze, Guattari, Lacan, Marx, Butler, Chomsky e mais um monte de gente. Me responderam um milhão de coisas. Tenho outro milhão de novas perguntas.
De Janeiro a Dezembro de 2016, o blog “Mais Uma Opinião” recebeu cerca de 13.800 visitantes e obteve 20.000 visualizações. Os cinco textos mais lidos foram:
- Quando damos o valor adequado às pessoas?
- Depressão e tristeza não são sinônimos
- Síndrome de burnout: esgotamento profissional
- Cinco dicas de quadrinhos “psicológicos ou existenciais”
- “Isso é assédio moral”: um tipo de violência no trabalho
Criei uma lista de e-mails para os leitores serem informados de novos textos e receberem outras indicações em fevereiro deste ano. Chegamos a 300 inscritos em dezembro.
Como sempre digo, escrever se tornou um hábito para mim, um prazer e uma necessidade. Quem sabe não te ajudo a refletir ainda mais? Afinal, de opiniões o mundo está cheio, mas e a sua?
“Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para adiante vai ser diferente…” Carlos Drummond de Andrade
Boas festas. Vamos em frente.
Parabéns Rodrigo pelas conquistas, pelos projetos realizados. Que novamente possamos ter a esperança de um mundo melhor em cada ano que se inicia. Se não pudermos mudar o mundo, pelo menos podemos tentar evoluir em alguns pontos aonde apenas a experiência dos anos nos faz entender que viver e conviver é o mais importante. O resto é tempo que fica para trás.
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