Recentemente, comecei a ler Brasil: Uma Biografia, da Lilia Moritz Schwarcz e Heloisa Murgel Starling. No intervalo, segui uma dica do Viracasacas (um dos podcasts que indiquei aqui no blog) e resolvi assistir ao documentário Guerras do Brasil.doc (2018), série dirigida por Luiz Bolognesi e disponível no catálogo brasileiro da Netflix. Como são apenas cinco episódios, assisti a todos eles de uma vez só.
Assim como venho observando na leitura do livro de Schwarcz e Starling, o documentário deixa claro que, ao invés do que o senso comum prega e do que a nossa imaginação enquanto brasileiros sustenta, não somos um povo pacífico e cordial, no sentido da cordialidade hospitaleira. Pelo contrário, somos uma nação marcada pela violência, desde o nosso ‘descobrimento’ ou ‘invasão’ – depende do ponto de vista -, e também pela prevalência dos afetos em detrimento da razão.
Portanto, Guerras do Brasil.doc traz, além de eventos e elementos marcantes da nossa história, como a imigração maciça, a colonização e a longa escravidão, algumas perspectivas sobre problemas que persistem, como a violência privilegiadamente direcionada à população negra, à população indígena e a criação, dentro das instituições prisionais, do crime organizado.
Sinopse: Esta série documental detalha como o Brasil foi formado por séculos de conflito armado, desde os primeiros conquistadores até a violência nos dias de hoje.
Episódios:
- As Guerras da Conquista (27 min): A guerra da conquista ainda não acabou. Veja como a população indígena foi dizimada e segue sua luta pela demarcação de terras até os dias atuais.
- As Guerras de Palmares (26 min): Cerca de 12 milhões de negros foram trazidos como escravos para o Brasil. A guerra dos Palmares escancara uma ferida que marca o país até hoje.
- A Guerra do Paraguai (26 min): Maior conflito da América Latina, a Guerra do Paraguai uniu Brasil, Uruguai e Argentina e deixou um saldo de 370 mil mortos em mais de 5 anos de confrontos.
- A Revolução de 1930 (26 min): A Era Vargas e o fim da Velha República. O paulista Júlio Prestes vence no voto, mas Getúlio sai de Porto Alegre e toma o Palácio do Catete à força.
- A Universidade do Crime (27 min): Um retrato da falência do sistema prisional e o mapa do crime organizado, que domina os presídios, organiza o tráfico e mata mais de 60 mil pessoas por ano.
Para os mais resistentes às narrativas não convencionais – ou seja, não dominantes e reacionárias – sobre a questão indígena e sobre a escravidão, por exemplo, sugiro humildade e disponibilidade para ouvir muitas verdades que são ditas e deveriam ser melhor conhecidas. Ponha as ideologias de lado e apenas assista.