Análise da Atividade de Psicólogos nas Prisões: uma Leitura Clínica do Trabalho – 2024
Estudos E Pesquisas Em Psicologia, v. 24 (2024): Janeiro a Dezembro de 2024.
Resumo
O presente artigo constitui um relato de pesquisa e aborda a atuação de psicólogos em prisões, considerando a instituição prisional como violadora de direitos humanos fundamentais e como incapaz de contribuir para a integração dos encarcerados à sociedade. Nesse contexto, os psicólogos enfrentam obstáculos ligados à dinâmica da segurança e do punitivismo. A formação insuficiente e as contradições presentes em suas atividades relacionam-se com conflitos identitários e levam, muitas vezes, à burocratização do trabalho, resultando na naturalização das violações dos direitos dos encarcerados. Esta pesquisa, realizada com 30 profissionais da Psicologia, busca compreender os sentidos atribuídos por eles às suas atividades, analisando seus papéis na instituição e suas experiências ao lidarem com indivíduos considerados irrecuperáveis pela sociedade. A coleta de dados envolve análise documental, observação participante, entrevistas individuais semiestruturadas e grupos de discussão. Os resultados destacam a necessidade de espaços coletivos de discussão – qualificada e crítica – sobre a atividade para promover a saúde dos psicólogos, bem como o desenvolvimento do poder de agir e o estabelecimento de alianças externas ao ambiente prisional.
Um trabalho impossível? Análise da atividade de psicólogos nas prisões (Resumo Tese) – 2024
Pretextos – Revista da Graduação em Psicologia da PUC Minas, v. 9, n. 17.
Resumo
Discutir o trabalho de psicólogos nas prisões é abordar uma realidade historicamente marcada por dispositivos punitivos e de controle social, em um cenário de precariedade material, onde a violação de direitos humanos é uma constante. Isto posto, surge a necessidade de compreender a atividade desses profissionais, ainda pouco conhecida e discutida, não só pela sociedade, mas pela própria Psicologia, na medida em que se entende que os impactos causados por essa instituição afetam tanto as pessoas confinadas como todos os outros indivíduos, direta ou indiretamente vinculados a ela.
O teletrabalho da(o) psicóloga(o) de Minas Gerais e suas relações com os processos saúde/doença – 2024
Revista da UFMG, Belo Horizonte, v. 31, n. fluxo contínuo, 2024.
Resumo
Este artigo explora as mudanças na prática de psicólogos em Minas Gerais durante a pandemia da Covid-19, com foco no uso intensificado das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs). A pesquisa investigou profissionais em diversas áreas da psicologia, analisando os impactos dessas mudanças, especialmente em relação aos processos saúde-doença. De metodologia qualitativa, utilizando entrevistas semiestruturadas e análise de conteúdo, com suporte do software de análise de dados qualitativos ATLAS.ti. Neste texto, dois eixos principais foram destacados: “Psicologia como profissão majoritariamente feminina” e “Prazer e sofrimento no trabalho”. Os relatos das participantes evidenciam os desafios enfrentados nas novas modalidades de trabalho, destacando a necessidade de uma análise interseccional para se compreender o impacto de suas desigualdades estruturais. A intensificação do uso das TICs durante a pandemia trouxe à tona desafios significativos para as psicólogas, revelando as complexas interações entre gênero, trabalho e saúde mental.
Projeto Cuidar Bem de Quem Cuida – 2023
Mostra de Experiências de Saúde e Qualidade de Vida do Servidor Penitenciário
A experiência relatada busca apresentar um projeto de reestruturação do serviço voltado para a saúde do servidor da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (SEJUSP), intitulado Cuidar Bem de Quem Cuida. Ele surgiu em 2019 a partir da percepção do alto e constante índice de absenteísmo por motivo de doença, assim como casos de risco e tentativa de suicídio e da falta de profissionais e práticas de saúde voltados ao atendimento dos servidores. Com objetivos de curto, médio e longo prazo, de modo a contemplar a atenção biopsicossocial, a saúde e a segurança do trabalho e a perícia médica, o projeto propõe a expansão gradual do serviço por meio da estruturação de novos centros de atenção biopsicossocial nas Regiões Integradas de Segurança Pública (RISP), e a realização de campanhas de saúde, qualidade de vida no trabalho e valorização profissional. Assim a Diretoria de Atenção à Saúde do Servidor (DAS) vem se tornando, aos poucos, o serviço de referência na atenção à saúde do servidor da SEJUSP, por meio da estruturação de novos centros, da oferta de atendimentos individuais e de ações de caráter coletivo, tais como lives e webinários, grupos reflexivos, rodas de conversas, visitas e intervenções biopsicossociais em unidades prisionais, socioeducativas e administrativas.
Gestão da subjetividade no trabalho: possíveis impactos dos algoritmos sobre a atividade
Revista Pista: periódico interdisciplinar. v.5, n.1, p. 27-39, fev./jun. 2023.
Resumo
Este artigo investiga as atuais transformações na organização e na gestão do trabalho, particularmente no contexto da revolução digital, com um foco específico nos impactos significativos dos algoritmos sobre os processos de subjetivação e suas interfaces sobre os diferentes contextos e modalidades laborais. Tem como objetivo analisar os possíveis efeitos que os algoritmos podem ter na atividade de trabalho, bem como nos processos de formação da subjetividade dentro e fora do ambiente laboral, através de uma análise que se baseia numa série de estudos teóricos e pesquisas relevantes. A transição para o trabalho digital vai além da simples digitalização das atividades convencionais. Ela engloba alterações amplas que atravessam dimensões políticas, econômicas, culturais e sociais. Afinal, as tecnologias que predominam atualmente exercem influência não apenas nos discursos, mas também na própria configuração do trabalho, inserindo elementos, como a flexibilidade, em um contexto em constante movimento e mutações, convocando o sujeito a fazer novos e diferentes usos-de-si. Portanto, nesse cenário de transformações intensas e profundas, torna-se crucial a exploração e o entendimento dessas dinâmicas emergentes. Palavras-chave: Transformação digital. Algoritmos. Subjetivação no trabalho. Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs).
Atividade Encarcerada: O Trabalho de Psicólogos nas Prisões
Revista Psicologia: Teoria e Prática. 24(3), 2022.
Resumo
No Brasil, a presença da psicologia nas prisões foi instituída pela Lei de Execução Penal, em 1984, e se intensificou nas últimas três décadas. No artigo, são discutidos os resultados de um estudo para compreender a atuação dos psicólogos nos presídios de Minas Gerais, a partir das Abordagens Clínicas do Trabalho. Realizamos uma pesquisa qualitativa, com análise de conteúdo de documentos, observações em cinco presídios e entrevistas com quatorze psicólogos que atuam nesses presídios. Verificamos que o papel da Psicologia nas prisões tem sido controverso, com diferentes atravessamentos institucionais decorrentes da lógica da segurança e da punição, e que parecem frequentemente contrariar os princípios éticos profissionais. A demanda institucional para a classificação dos presos se sobrepõe ao monitoramento dos programas de reabilitação, previstos em lei. Esse cenário, agravado pela escassez de profissionais, resulta em obstruções na atividade, angústia do trabalhador, naturalização da violação de direitos e adesão acrítica ao mecanismo repressivo da instituição. Palavras-chave: psicologia, sistema prisional, clínicas do trabalho, direitos humanos, ética.
A tecnologia e a atividade dos psicólogos e psicólogas em tempos da pandemia de Covid-19: desafios e apontamentos
Psicologia em Revista. V.26. n.3, 2020.
Resumo
Este artigo discute a relação entre o trabalho dos psicólogos e psicólogas e a tecnologia, no contexto marcado pela pandemia da covid-19. Com base na análise da dupla condição da Psicologia, como ciência e profissão, historicamente construída e reproduzida, o texto propõe uma análise crítica da intensificação do uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), com ênfase na atividade de atendimentos clínicos individuais, por se tratar de uma modalidade de serviço em flagrante expansão no atual contexto, em razão das contingências impostas pela pandemia. Como resultados preliminares, evidencia-se o crescimento, sem precedentes, do número de cadastros de psicólogos e psicólogas interessados em realizar atendimento on-line e observam-se ações dos órgãos reguladores da profissão que objetivam fiscalizar tais práticas e impedir o uso indevido da tecnologia. Ressaltam-se, neste cenário, os riscos da “uberização” do trabalho do psicólogo e psicóloga e de uma retração do campo da Psicologia como profissão. Palavras-chave: Covid-19. Abordagens clínicas do trabalho. Atividade. Tecnologias de informação e comunicação (TIC). Uberização do trabalho do psicólogo.
Une expérience de recherche-intervention dans une entreprise d’exploitation minière : défis et possibilités
Communiquer Revue de communication sociale et publique. 30, 2020.
Résumés
Dans cet article sont discutés les résultats préliminaires d’une recherche-intervention dans une entreprise d’extraction de minerai de fer. Celle-ci nous avait commandé le développement individuel des opérateurs d’excavatrices à câble afin d’augmenter leur productivité. Comme proposition alternative nous avons présenté un projet centré sur la dimension collective du travail tout en valorisant le savoir-faire des opérateurs et des autres ouvriers du système productif local. Leurs familles ont également participé à la recherche. Appuyés sur des méthodologies qualitatives, nous nous sommes inspirés d’approches cliniques du travail en utilisant des entretiens, de l’observation de terrain, des groupes de discussion, l’instruction au sosie et l’auto-confrontation simple et croisée. Les résultats montrent que l’entreprise qui, préalablement, négligeait le dialogue avec ses travailleurs, tend maintenant à accueillir des actions visant à faciliter la dimension collective du travail ainsi qu’une participation relative des employés dans l’organisation locale des processus de travail.
A cooperação e a dimensão coletiva da atividade, em um sistema de exploração de minério de ferro
Laboreal. Dossiê temático “Trabalho e Cooperação” (Volume 15, nº 1, 2019)
Resumo
Este artigo discute os resultados preliminares de uma pesquisa sobre o trabalho de operadores de escavadeira a cabo na extração de minério de ferro. A investigação responde à demanda da empresa, que busca desenvolver um programa de operadores “de alto desempenho”. Baseados nos pressupostos teórico-metodológicos da Clínica da Atividade, utilizando entrevistas, observação de campo, instruções ao sósia e autoconfrontação, tomamos como questão analítica central a natureza coletiva do trabalho, articulada à noção de cooperação. Trata-se de uma alternativa prático-teórica, oposta à demanda de formação individualizada, limitada ao “operador-atleta”. Entende-se que a dimensão coletiva é uma instância fundante da cooperação, estruturando o processo produtivo e o fazer solidário das equipes de trabalho. Resultados preliminares evidenciam que, apesar de a organização não privilegiar a lógica da cooperação nas exigências de produtividade e na preservação da saúde e segurança dos trabalhadores, ela se abre ao debate sobre essa nova perspectiva do trabalho coletivo.
Manicômio Judiciário e Agentes Penitenciários: entre Reprimir e Cuidar
Psicologia: Ciência e Profissão. vol.38 no.spe2 Brasília 2018
Resumo
Os manicômios judiciários são instituições destinadas a acolher pessoas que cometem crimes e que, por motivo de doença ou deficiência mental, são consideradas inimputáveis, também tratadas como “louco infrator” ou “paciente judiciário”. O presente artigo, baseado em pressupostos críticos da Psicologia do Trabalho, discute resultados obtidos a partir de uma pesquisa de mestrado em um manicômio judiciário de Minas Gerais. O estudo buscou compreender a atividade dos agentes penitenciários, responsáveis por garantir a ordem e a segurança do estabelecimento e de todos os indivíduos ali presentes. Constatou-se que sua atividade não se restringe à segurança, mas que abrange o cuidado, o envolvimento afetivo e a preocupação com os indivíduos custodiados naquela instituição. Se o trabalho de agente penitenciário é socialmente marginalizado, verificou-se que ele é valorizado pelos sujeitos que o executam, mesmo que estes se deparem com a ambivalência inerente à natureza do manicômio judiciário. Entre a prescrição de reprimir e o apelo a cuidar, os agentes enfrentam uma realidade marcada pelo duplo sofrimento do paciente judiciário: o rótulo da loucura e a privação da liberdade.
“Você, dona de casa”: trabalho, saúde e subjetividade no espaço doméstico
Pesquisas e Práticas Psicossociais. vol. 13, nº 4 (outubro-dezembro), de 2018.
Resumo
O trabalho doméstico, remunerado ou não, tem sido historicamente atribuído à mulher, surgindo como encargo específico do papel de gênero feminino e assumindo um caráter de invisibilidade e desvalorização social. Neste artigo, sugerimos um viés de análise que considera a atividade além de sua institucionalização econômica, como ação prática e psíquica, sede de investimentos vitais e de transformação de si e do mundo. Por meio da revisão de literatura, mostramos que o trabalho doméstico apresenta contornos de submissão e permanece vinculado à mulher. Discutimos o trabalho como instituição, passível de ser construído e desconstruído, e relacionamos os afazeres domésticos às atividades rejeitadas que permanecem nos bastidores, acarretando também sua perda de sentido, segundo as perspectivas das clínicas do trabalho.
Preso ou paciente? A ambivalência institucional na atividade de agentes penitenciários em um manicômio judiciário de Minas Gerais*
Revista Brasileira de Ciências Criminais. vol. 144. ano 26. p. 29-60. São Paulo: Ed. RT, junho 2018.
Resumo
Os Hospitais de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP), ou manicômios judiciários, são instituições destinadas a acolher pessoas que cometem crimes e que, por motivo de doença ou deficiência mental, são consideradas inimputáveis, sendo também tratadas como “pacientes judiciários” ou “loucos infratores”. Nessas instituições, os agentes penitenciários são responsáveis por garantir a ordem e a segurança, enquanto o pessoal técnico se encarrega de cuidar, tratar, avaliar e acompanhar os presos, garantindo sua saúde e seus direitos. O presente artigo, baseado em pressupostos críticos da psicologia do trabalho, discute resultados obtidos a partir de uma pesquisa de Mestrado, realizada em um manicômio judiciário de Minas Gerais, tendo como objetivo compreender a atividade de seus agentes penitenciários. A pesquisa evidenciou a ambivalência institucional dessa atividade, inscrita no conflito entre a lógica da segurança (prisão) e a lógica da saúde (hospital), tanto nos modos de lidar e se relacionar com o preso-paciente, como na estrutura física e no funcionamento do estabelecimento, no qual se privilegiam o aparato de segurança e a repressão, em detrimento da ressocialização.
* A Revista Brasileira de Ciências Criminais é restrita a assinantes.
Ansiedade e a “perda” da espontaneidade*
Revista Psicologia – Especial Terapias, Editora Mythos, São Paulo, p. 53 – 57, 29 jun. 2016.
A ansiedade sob o ponto de vista do Psicodrama, com contribuições quanto a noção de saúde e doença de Georges Canguilhem, adotada pelo psicólogo francês Yves Clot. A ansiedade, em si, é um processo mental e físico, acionado em determinadas situações e um fenômeno comum, que faz parte do funcionamento do nosso organismo. Presente em nossos ancestrais, o mecanismo que nos estressa diante de perigos concretos e ameaças à nossa integridade, sempre esteve a serviço de nossa sobrevivência. Se considerarmos uma conduta espontânea como uma resposta adequada a si mesmo e ao meio em que se vive, o aumento da ansiedade virá com a diminuição dessa capacidade. Ou seja, o adoecimento ou o surgimento desproporcional da ansiedade está diretamente relacionado à diminuição da espontaneidade.
*O número da revista onde este artigo foi encontrado encontra-se indisponível na internet. Em caso de interesse, você pode solicitar o texto para o autor através do e-mail rodrigopadrini@gmail.com
Psicodrama e o desenvolvimento de equipes de trabalho
Revista brasileira de psicodrama vol.22 no.1 São Paulo 2014
Resumo
O presente artigo busca elucidar as principais contribuições do psicodrama, enquanto técnica e teoria, no processo de desenvolvimento de equipes, utilizado em empresas e dirigido a grupos de pessoas que precisam unir esforços para executar um trabalho em comum. Tendo em vista realizar o tratamento do indivíduo e do grupo, conclui-se que o psicodrama empresarial coincide com os principais objetivos de um programa de desenvolvimento: desenvolver habilidades interpessoais, diagnósticas e de tarefa.
O jovem e a primeira experiência de trabalho
Revista brasileira de psicodrama vol.19 no.2 São Paulo 2011
Resumo
Este artigo apresenta um estudo sobre a relação existente entre o jovem e a vivência de sua primeira experiência de trabalho, buscando a compreensão dos fatores envolvidos nesse processo à luz do psicodrama e de outras pesquisas sobre o assunto, além de contribuir para a construção de novos conhecimentos sobre a juventude e a socionomia. A pesquisa- teórica e empírica- busca identificar os sentidos do trabalho para o jovem e as influências da sua primeira experiência na constituição de sua identidade. Foi possível estabelecer conexões entre os resultados obtidos e a teoria psicodramática, apontando para um campo fértil de conhecimento e pesquisa em relação à categoria trabalho na perspectiva da socionomia.
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