Cinco de setembro de dois mil e vinte cinco. Os dias estão amenos por aqui, nos belos horizontes. É quase fim do inverno. O céu azul combina bastante com o sol da manhã e da tarde. São bons contrastes quando olho pra cima e vejo os altos dos prédios, enquanto espero pra atravessar a rua. Costumo almoçar logo ali na esquina. Entre tupis e espírito santo. Me encontro saudável. Há algo mais importante que isso? Joelhos são superestimados. Hoje é sexta-feira, amanhã é sábado e depois é domingo. Amanhã entro nos enta, assim como a seleção brasileira masculina de futebol, que é penta. Aniversários, enquanto são apenas ponto e vírgula na nossa vida, são destaques no meio de uma linha quase reta. Ponto, ponto, traço, ponto. O que eu sou e o que eu fiz? São questões existenciais que norteiam os pensamentos intrusivos de muita gente. Costumam se intensificar em marcos como este. Em quarenta anos dá pra fazer muita coisa. Em termos realistas – e otimistas, é cumprir quarenta ou cinquenta por cento da barra de progresso. O calendário do computador mostra cinco do nove de dois mil e vinte e cinco. São onze horas da manhã e o relógio do trabalho sempre está atrasado em vinte minutos. Como disseram Jorge Mautner e Nelson Jacobina, sigo caminhando, andando por essa imensa avenida, vivendo não sei bem por quê, sempre numa grande expectativa. Aprendi que gosto de quem gosta das coisas sem querer prendê-las. Afinal, avenida em russo quer dizer perspectiva. Avenida Afonso Pena, perspectiva Afonso Pena. O planeta ainda está imaturo, é preciso arrancar alegria lá do futuro. Estamos nos anos vinte e somos os ultrapassados das próximas décadas. Mesmo fazendo quarenta, não dá pra se afobar. Afinal, como disse o Chico, nada é pra já. O amor não tem pressa, ele pode esperar. Sábios em vão tentarão decifrar os ecos de antigas memórias em blogs, fotos, vídeos, postagens e conversas digitais. Os escafandristas se perguntarão: como foi viver nos anos vinte nos belos horizontes? Foi assim. Aqui, desse jeito, com essas palavras. Faz sol. Vinte e quatro graus. Piano, livros, amigos, música e sol. Bom mesmo era viver nos anos vinte. Minha perspectiva é dizer, como Mautner, que, comigo, a anatomia ficou louca e sou todo, todo, mas todo coração. Uma bela vida, até aqui. Tem dias que fico pensando na vida, como o Toquinho e o Vinícius, e sinceramente, não vejo saída. Como é, por exemplo, que dá pra entender, a gente mal nasce e começa a morrer. Sei lá, só sei que é preciso paixão. A vida tem sempre razão. Ponto e vírgula.
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